Quando tive a ideia de realizar um podcast com pais nunca pensei que a conversa que acabou por acontecer me fizesse refletir tanto.

Já se passaram alguns dias e a verdade é que ainda me encontro a questionar algumas vezes sobre como é que nós, educadores e instituições, conseguimos “dar a volta” a esta pouca valorização implícita na conversa dos pais em relação à educação de infância.

Mas, vamos por partes…

Para o 16º episódio do podcast “Conversas Pedagógicas”, conversei com a Sofia e o Valter (pais da Carolina de 2 anos a frequentar a “Creche Gente Miúda” em Paderne), com a Gisela (mãe da Alice de 5 anos a frequentar uma sala de JI da rede pública em Matosinhos) e a Marta (mãe da Francisca de um ano e meio a frequentar o Centro Social para o Desenvolvimento do Sobralinho, e da Constança de 4 anos a frequentar uma sala de JI no Agrupamento de Escolas em Alverca).

Ao longo da hora e quase meia (que pode assistir ao vídeo ou ouvir o podcast no final deste artigo) contei com a participação de vários pais e educadores que, através dos comentários no live, colocaram algumas questões muito pertinentes à nossa discussão bem como algumas partilhas também elas relevantes.

Não foi uma conversa de conclusões fáceis e ficou claro que se por um lado a valorização da educação de infância está intimamente ligada com a visibilidade que as instituições e respetivos profissionais dão do seu trabalho, por outro os próprios pais continuam a ter expectativas escolarizadas da educação dos seus filhos ainda que em idade pré-escolar.

Algumas das conclusões são as de que estabelecer estratégias de comunicação que possibilitem a participação dos pais no processo de ensino-aprendizagem dos seus educandos é, cada vez mais, urgente no sentido que só colaborando frequentemente se pode dar continuidade às aprendizagens e vivências de ambos os contextos (educativo e familiar).

Percebemos que os pais que não têm visibilidade do dia-a-dia dos filhos sentem mais frustração por não saberem se os seus filhos estão a desenvolver-se de forma correta. Com o covid19 e as consequentes restrições de entrada das famílias nas escolas, estes sentimentos agravam-se pois nem nas paredes das salas ou das creches e jardins-de-infância conseguem visualizar produções dos seus filhos, que até aqui os tranquilizava.

Na verdade fiquei surpreendida por perceber que as famílias no decorrer desta conversa afirmaram sentir mais necessidade de acompanhar as aprendizagens dos seus filhos mais, ou de igual modo quando falamos de bebés, do que das rotinas diárias (xixis, cocós, comeu bem/não comeu, etc).

Os pais reconheceram o papel influenciador dos educadores no desenvolvimento dos filhos e percebem que a forma como cada profissional trabalha, comunica, e se relaciona com os outros influencia as crianças. Estas, por sua vez, demonstram tons de voz, regras, comportamentos de um modo geral que os pais reconhecem ser aprendidos nas instituições essencialmente, dizem, pela interacção constante com os profissionais que passam o dia com os seus filhos.

Contudo, fica do lado dos educadores a questão…será que mesmo estabelecendo pontes comunicativas com as famílias estamos a comunicar no tom certo? Os conteúdos certos?

Porque não sabem os pais o que é o PCG, quando nós sabemos que o partilhamos na reunião inicial de ano letivo?

Eu, e mais uns quantos profissionais que entretanto me enviaram mensagem ou comentários nas redes sociais, continuamos a perguntar-nos: porque continuam as famílias a valorizar as aprendizagens escolares em detrimento do brincar? Em detrimento do “BÁSICO” que nesta conversa foi tão relembrada pela quem nos escutava?

As famílias, em conversa, afirmam querer que os filhos brinquem, é um facto.

Mas see em creche afirmam ser esse o aspeto mais importante aliado a relações de afetividade entre adultos e crianças, em pré-escolar as mães revelaram preocupações diferentes. Nesta valência, a preparação para a escolaridade é real e o facto de não saberem de que modo o educador trabalha ou faz esta tal preparação é preocupante.

De forma refletida, e não em formato de conclusão (por acreditar que este tema merece reflexões mais profundas), é clara a necessidade de adotarmos estratégias de comunicação com os pais. É importante salientar que esta comunicação tem de ser bilateral e não apenas de consulta por parte dos pais pois se assim continuarmos eles continuam sem perceber o que de facto se faz e se pretende em creche e em pré-escolar.

Participar no processo educativo das crianças é um direito dos pais…estamos a cumpri-lo?

Quando damos aos pais oportunidades de não só consultar mas também de participar no processo de aprendizagem dos seus educandos através duma visibilidade mais constante das vivências em contexto educativo, quando valorizamos as aprendizagens vividas em casa e as transportamos para as nossas salas… os resultados são significativos.

Antes que me esqueça, neste episódio pudemos concluir que os pais cujas instituições/educadores usam a ChildDiary diariamente tinham uma visão muito mais positiva da educação de infância dos que não utilizam! :)

Se preferir ouvir a versão áudio, eis o podcast “Conversas Pedagógicas”:

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