O papel dos registos de observação na avaliação em creche e pré-escolar

Ao longo dos últimos meses tenho escutado e presenciado muita confusão em volta do que é um portfólio, quer seja relacionado com a sua definição, aplicabilidade ou até pertinência no contexto da educação de infância.

De facto, ao ter promovido já mais de 30 formações em colaboração com a APEI sobre “Portfólios Digitais na Avaliação em Creche e Pré-escolar” com mais de 400 profissionais de educação, têm-me chegado muitas ideias pré-concebidas sobre portfólio que não estão corretas.

Algumas dessas ideias são:

  • É impossível gerir com um grupo de 20 crianças
  • Trata-se de uma pasta com os trabalhos feitos na sala
  • É onde se colocam os desenhos e pinturas das crianças
  • É uma estratégia apenas aplicável ao pré-escolar
  • Dá muito trabalho
  • É dispendioso para a instituição
  • Vai para casa no final do período/ano
  • Entre outros.

Urge, portanto, refletir sobre o que é um portfólio e desmistificar alguns destes mitos que levam muitos educadores a não implementarem esta estratégia de avaliação ou, pelo contrário, a implementarem-na de forma errada.

Então, o que é um portfólio?

“ (…) é uma compilação organizada e intencional de evidências que documentam o desenvolvimento e a aprendizagem de uma criança realizada ao longo do tempo.” (McAfee e Leong, 1997)

O portfólio em creche e em pré-escolar é um documento que espelha as aprendizagens e o desenvolvimento da criança. Trata-se de uma estratégia de recolha de informação (as tais evidências de aprendizagem) que permite ao educador planear e avaliar em conformidade com o que é documentado ao longo do tempo.

Isto só é possível se as evidências que constam no portfólio forem criteriosamente seleccionadas e servirem o propósito de permitir a sustentação das decisões para a prática em conformidade com os interesses e as necessidades da criança.

O que se documenta tem por isso de ser seletivo e contextual, representando uma escolha entre muitas escolhas.

Afinal, o que é (e o que não é) um portfólio? - Educadora utilizando portfólio digital em creche

Quem selecciona as evidências?

Para que o portfólio seja verdadeiramente focado na criança e cumpra a sua função de suportar as decisões para a prática pedagógica do educador, a seleção das evidências deve ser feita por todos os agentes educativos da criança. Incluindo a criança!

Por outras palavras, cabe aos profissionais em sala, às famílias, aos terapeutas e demais intervenientes no processo educativo da criança selecionar as evidências que melhor documentam a aprendizagem da mesma. É esta seleção que permite ao educador intencionalmente preparar as práticas pedagógicas.

Ora, esta seleção nunca poderá ser feita à revelia da própria criança que, sendo participante ativa do seu próprio processo de aprendizagem, deve em conjunto com os adultos refletir e selecionar as evidências. Esta prática permitir-lhe-á ainda (à criança) planear os próximos passos em relação às escolhas e reflexões que fez.

O portfólio é uma excelente estratégia para promover a consciência de si como aprendente, a autonomia, competências de reflexão, de negociação, de planeamento, entre muitas outras. Ainda “defendendo” a pertinência do portfólio no contexto da educação de infância, é importante referir que esta é uma estratégia única de envolver as famílias.

É importante acrescentar que as reflexões quer realizadas pelos adultos, quer pela criança, não devem ser realizadas apenas no final/na apresentação de um produto/projeto. As reflexões e a recolha de evidências (visuais, escritas, etc) devem ser realizadas numa ótica constante e coerente de forma a documentar processos e não resultados.

Afinal, o que é (e o que não é) um portfólio? - Educadora com crianças em actividade

Que tipos de evidência se selecionam?

As evidências devem ser tudo o que os adultos e as crianças considerem pertinentes na documentação da aprendizagem da criança.

Exemplos de evidências são:

  • Fotografias (de processos e não apenas de produtos finais)
  • Videos (incluindo de entrevistas à criança)
  • Entrevistas à criança
  • Trabalhos feitos pela criança (tendo em conta o referido anteriormente)
  • Representações elaboradas pela criança (por exemplo escrita ou desenho de algo que não se pode fotografar ou guardar fisicamente, ex: construção com blocos, receita de um bolo, etc)
  • Registos de observação do educador (e demais agentes educativos)
  • Relatórios (preferencialmente) descritivos de avaliação
  • Evidências de aprendizagens/momentos em família (preferencialmente documentados e trazidos pela família)
  • Reflexões da criança (quer realizadas em momento de elaboração de portfólio, quer registadas pelo educador espontaneamente)
Afinal, o que é (e o que não é) um portfólio? - Registo de desenvolvimento em foto

Então o que não é, afinal, um portfólio?

Em forma de conclusão, reflito sobre o que não é um portfólio, acreditando que deste modo mais educadores o implementarão nas suas práticas pedagógicas de forma correta.

Um portfólio NÃO é:

  • Uma capa/pasta com os trabalhos realizados ao longo do ano com a criança
  • Não é uma compilação de trabalhos, fotografias, etc que evidenciam resultados/produtos, é sim uma compilação de evidências que evidenciam processos
  • Não é um documento centrado nas reflexões do adulto. Devem constar no portfólio as reflexões da própria criança quer face às evidências que recolheu para o seu portfólio quer face a momentos vividos em grupo e que o educador registou de forma espontânea
  • Não é um documento esteticamente bonito na ótica do adulto, se assim for não é centrado na criança
  • Não é difícil de gerir quando se define uma rotina diária para execução do mesmo e quando se partilham as tarefas de gestão do mesmo com vários elementos da equipa
  • Não é impossível de se realizar na creche. Reconheço as dificuldades em envolver a criança de forma tão ativa no seu portfólio e, claro está que este reflete as seleções feitas pelos adultos. O portfólio em creche deve ser rico em evidências visuais (fotografias, vídeos) que espelhem verdadeiramente as vivências da criança na creche e em família.

Quanto à ideia de que dá trabalho…depende das estratégias e ferramentas que implementar.

Se recorrer ao portfólio digital as evidências são mais fáceis de recolher, documentar e selecionar para planeamento e avaliação.

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