
Contrariamente ao que acontece com alunos a partir do primeiro ciclo, que no final de cada período fazem testes de avaliação, quando falamos de crianças até aos 6 anos de idade, não existe, e ainda bem (!!!), nenhum teste que seja realizado para analisar a aprendizagem e o desenvolvimento de competências individual.
Desta forma é nos exigido, aos educadores de infância, que encontremos alternativas e diferentes formas de avaliar cada criança. Para quê? Para percebermos se a criança se está a desenvolver de acordo com o esperado, quais as suas necessidades e interesses e, para acima de tudo, planearmos de acordo com os resultados desta mesma avaliação.
É neste ponto que os registos de observação têm um papel fundamental, pois são estes que nos fornecem as evidências necessárias para uma correta avaliação das crianças em creche e pré-escolar, que como sabemos são a base da planificação.
Quais os procedimentos a adoptar no registo de observação em creche e pré-escolar?
A avaliação é um elemento integrante da prática educativa, e por isso, o mesmo deve ser sempre adequado a cada nível de ensino, tendo em conta os princípios e procedimentos adequados às suas especificidades.
Quando falamos de crianças que se encontram no primeiro ciclo, o plano curricular é semelhante em todas as escolas.
Contudo, um currículo em educação de infância é concebido e desenvolvido por nós, educadores, através da organização, planificação e avaliação do ambiente educativo, bem como das atividades e projetos que vão ser desenvolvidos, de modo a construir uma aprendizagem integrada.
Como é óbvio, a avaliação é realizada de forma qualitativa, uma vez que não é atribuído qualquer nota numa escala numérica. Mas este processo, deve seguir os seguintes princípios:
- Coerência entre processos de avaliação e princípios definidos nas orientações para a educação pré-escolar;
- Utilização de técnicas e instrumentos de observação e realização de registos que permitam analisar o desenvolvimento e aprendizagem das crianças;
- Valorização dos progressos da criança.
No documento oficial das Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar (OCEPE), encontram-se algumas estratégias que devemos ter em conta.
- “recolher episódios considerados significativos, que podem ser anotados durante o processo ou num momento imediatamente posterior;
- utilizar instrumentos pedagógicos de observação sistemática, construídos pelo/a educador/ a ou já existentes. Estes podem centrar-se num determinado aspeto ou situação (com que frequência e como as crianças utilizam determinada área da sala, em que ocasiões surgem conflitos, etc.) ou numa amostragem temporal, que tenha em conta diferentes momentos, dias e espaços (de manhã, de tarde, dentro da sala, no exterior, no refeitório).”
Porque é tão importante fazer o registo de observação?
Construir e gerir o curriculo nas valências de creche e pré-escolar, exigem um conhecimento profundo do meio e das crianças. Este conhecimento deve ser atualizadao constantemente através da recolha de diferentes tipos de informação, como por exemplo através de registos de observação. São estes que nos permitem adequar o curriculo à dinâmica do grupo em mutação, bem como às necessidades de cada criança em constante evolução.
São estes registos de observação que nos permitem reflectir sobre planos já executados e que sustentam as decisões pedagógicas a tomar – a intencionalidade educativa que dá sentido à nossa acção enquanto educadores.
Importa mencionar que esta informação recolhida de nada serve senão for convenientemente organizada, interpretada e refletida. É neste aspecto que a ferramenta que desenvolvi se tornou tão crucial.
Ao realizar registos de observação com recurso a múltiplos tipos de evidência e com as OCEPE à mão, tornei os registos de observação muito mais fáceis de interpretar nos momentos em que precisava de reflectir. Adeus aos post-its nas batas!!!

“Observar, registar, documentar, planear e avaliar constituem etapas interligadas que se desenvolvem em ciclos sucessivos e interativos, integrados num ciclo anual. “
Saliento ainda que, sendo a principal função dos registos de observação a melhoria da qualidade da aprendizagem, é importante que se envolva os principais agentes educativos da crianças- as famílias.
A partilha de registos de observação entre escola-família são uma mais-valia na construção de portfólios partilhados. Nestes, todos os intervenientes no processo ensino-aprendizagem da criança intervêem, os pais têm melhor consciência do desenvolvimento dos seus filhos e em conjunto com os educadores tomam decisões que apoiam um melhor processo de aprendizagem.

Conclusões
Concluímos que os registos de observação são imprescindíveis na avaliação em creche e pré-escolar, pois permitem a concretização de uma avaliação contínua que escuta e observa a criança, às suas necessidades e interesses e permitindo assim o planeamento de aprendizagens estimulantes e significativas para a criança e para o grupo.